Pensamentos de um domingo
nublado, de chuviscos, porém quente.
Sentado no sofá enquanto
voava com a melodia de uma trilha sonora de um bom filme, palavras eram
trocadas sentimentalmente segundo a segundo pelo celular. Olhei para fora e
percebi que os primeiros pingos de chuva começaram a cair sobre a terra fofa do
quintal. Estes pingos retiraram de um arquivo em minha memória, uma reflexão
que com o tempo havia me esquecido.
É certo de que tempestades,
dificuldades e desencontros é o presságio de que coisas boas virão á frente.
É preciso acreditar!
Acreditar
que das palavras pode-se retirar seiva para o renascimento de uma verdade
solida e curiosa.
Enquanto pensava, um
passarinho cantava um leve assovio no celular, era ele, e ele se mostrava por
entre a verde folhagem de um jardim repleto de beijinhos, ilustrando seu
arregalado, porém tímido olhar, um olhar que se confundia em contraste ao
esverdeado das folhas deste jardim, ah os seus olhos eram o próprio verde.
E eu fiquei ali horas,
admirando aqueles olhos, desejando profundamente que eles se fundissem aos meus e
revelassem seus segredos, a melodia que tocava ainda ressoava baixinho e eu me
deixava levar nessa mistura de sensações, com medo de onde poderia parar, mas
confiante de que pisava em terras de uma verdade que eu começava a criar,
criada também em lógica, mas principalmente no êxtase de um sentimento que
mesmo sem conhecer aqueles olhos já me despertavam o coração adormecido a tanto
tempo.
Ruan Sena