domingo, 27 de outubro de 2013

Seus Olhos

   Pensamentos de um domingo nublado, de chuviscos, porém quente.
   Sentado no sofá enquanto voava com a melodia de uma trilha sonora de um bom filme, palavras eram trocadas sentimentalmente segundo a segundo pelo celular. Olhei para fora e percebi que os primeiros pingos de chuva começaram a cair sobre a terra fofa do quintal. Estes pingos retiraram de um arquivo em minha memória, uma reflexão que com o tempo havia me esquecido.
   É certo de que tempestades, dificuldades e desencontros é o presságio de que coisas boas virão á frente.
   É preciso acreditar!
   Acreditar que das palavras pode-se retirar seiva para o renascimento de uma verdade solida e curiosa.
   Enquanto pensava, um passarinho cantava um leve assovio no celular, era ele, e ele se mostrava por entre a verde folhagem de um jardim repleto de beijinhos, ilustrando seu arregalado, porém tímido olhar, um olhar que se confundia em contraste ao esverdeado das folhas deste jardim, ah os seus olhos eram o próprio verde.
   E eu fiquei ali horas, admirando aqueles olhos, desejando profundamente que eles se fundissem aos meus e revelassem seus segredos, a melodia que tocava ainda ressoava baixinho e eu me deixava levar nessa mistura de sensações, com medo de onde poderia parar, mas confiante de que pisava em terras de uma verdade que eu começava a criar, criada também em lógica, mas principalmente no êxtase de um sentimento que mesmo sem conhecer aqueles olhos já me despertavam o coração adormecido a tanto tempo. 


Ruan Sena


terça-feira, 8 de outubro de 2013

Brisas que inspiram

  Dizem que o mundo é dos loucos; eu discordo!
  O mundo é na verdade dos ''simples''.
  Simplicidade esta que dilata as pupilas do coração e faz com que enxerguemos muito além do que estamos materialmente vendo, mais do que ver, é sentir numa dimensão quase que sobrenatural a essência escorrendo pelas entrelinhas de cada palavra, gesto, contato, como seiva escondida sobre uma camada grossa e áspera de uma árvore, revelando assim seus segredos e mistérios.
   Quem leva consigo um coração simples, não mede esforços em abrir sua janela de madrugada apenas para sentir a brisa fresca da madrugada tocando de leve sua face. Ele é um admirador das estrelas e se alegra ao observar silenciosamente as gotas de chuva caindo sobre o cascalho seco e árido, na esperança de ver crescer ali uma relva qualquer, apenas para encher seus olhos com o contraste do verde claro e a terra. Chama de amigo os bichos da floresta e dá nome as flores do seu jardim. Canta com os passarinhos e brinca com a água do riacho. Não fala muito porquê prefere escutar, entende que a certeza das coisas vem pelo ouvir e ouvir se tornou sua regra de vida. Aprendeu com o tempo que no silêncio estão todas as respostas e a segurança de uma vida mais vibrante, saudável e feliz.
   Enfim, ser simples é ser eu e você; é chegar a conclusão de que somos dependentes um do outro e de que a construção de um mundo mais pacífico e regido pelo amor não está ao alcance de uma multidão somente ou de organizações como o Greenpeace, mas de forças vindas de dentro de você, como um grito que rompe a surdez dos acomodados e como um sorriso que se estampa devagar num rosto deprimido e aos poucos vai ganhando sentido, porque viu na simplicidade o amor e do amor nasceu seu sorriso.



Ruan Sena

 


terça-feira, 1 de outubro de 2013

"Eu" castelo

Quando olhamos para dentro do nosso tão complicado eu, encontramos um castelo de areia que vamos construindo conforme as ferramentas que a vida nos fornece. Muitas das vezes nos sujamos, deixamos algumas partes deste castelo desmoronar, mas a cada amanhecer, novas chances e forças são erguidas de onde menos esperamos, e é aí que está o segredo da vida, a capacidade de entender que cada recomeço é uma nova oportunidade de se reestruturar.


Ruan Sena

quarta-feira, 14 de agosto de 2013

Lembra(nças)

  Quem diz esquecer o passado mente para si próprio. Podemos até parar de sentir as dores de uma ferida que hoje se encontra cicatrizada, mas ela ainda está lá, cravada no coração feito tatuagem, pronta para sangrar novamente. 
  Todos temos lembranças, uma impressão ou ideia de uma coisa, de uma pessoa ou de um fato que a memória conserva aos montes. Uma recordação de tempos de vida ou de morte de sentimentos que assombram ou aquecem o coração dos pensadores, dos amores e do ser humano em si.  
  Quando o passado bate a nossa porta, toda uma experiência vivida outrora em tempos antigos cria vida instantaneamente e sem pedir permissão transborda emoções esquecidas que há muitas estações não tomara conhecimento de sua permanência dentro de nós. 
  Escolhas plagiadas pelo futuro, são nada mais que a verdadeira lembrança guardada na memória, que pouco se processava a importância de determinado evento que se encontrava escondido por entre os rabiscos de toda uma história editada em um rascunho de papel guardado dentro de um dos livros da estante. Palavras rabiscadas em um papel de cor, bonito e com aroma talvez; todos temos nossas preferências e particularidades.
  O mais importante disso tudo é que nada faz sentindo se não houver uma lembrança ou um passado para se apegar de determinada forma, usando-o como um motivador para conquistas maiores, e assim se perceber na condição de ser humano que somos, frágeis porém adaptáveis.
  Finalizo esta reflexão com as palavras de um grande pensador em minha opinião, Augusto Cury já dizia: ''O passado é uma cortina de vidro. Felizes os que observam o passado para poder caminhar no futuro.''
  

Ruan Sena




segunda-feira, 12 de agosto de 2013

Engrenagem

A vida é uma engrenagem que de vez em vez, emperra pela sua demasiada e desgastante rotina.
Torna-se percebível  a exigência da sociedade moderna no quesito de inovação; todos cobram e se policiam para que a famosa rotina não tenha espaço nos seus variados relacionamentos. Em todos os campos, desde os mais óbvios aos mais íntimos o ser humano se empenha e desdobra para se refazer em suas opiniões, pensamentos e atitudes. 
A cada dia que passa tornar-se membro de um ''clã'', onde a ''liberdade'' é confundida com libertinagem, vira critério de sobrevivência para os que se colocam em disposição de uma ''novidade'' nada nova. Ter é sempre mais importante que ser, uma ação enganosa é sempre mais apreciada do que o raciocínio, e sim os pensamentos e o ato de pensar se torna motivo de intolerância e prudência precoce. Confunde-se tempo com desapego, desinteresse e fracasso, quando a maior força do sábio está em seu silêncio, onde os pensamentos fluem feito água e suas atitudes são passíveis e autênticas; atitudes estas, que como consequência somente trará um deserto do qual muitos temem, o da maturidade!


Ruan Sena


terça-feira, 6 de agosto de 2013

Apenas uma reflexão.

Os dedos que tocam os pensares, os desejos ambíguos da alma; são os dedos que tenho! 
Narcísico talvez,pode-se pensar assim.
Sábio é aquele que encara os fatos levando em conta sua essência e bagagem, não deixando-as influenciar as reais habilidades de formalizar eventos das mais diversas condições e que a vida nos sujeita cotidianamente. De fato, somos seres extremamente incapazes de viver uma história sem nenhum tipo de envolvimento sentimental ou físico. Isso porque nossas vidas se condicionam a maneiras distintas de sobrevivência. O nosso posicionamento frente as singularidades da vida é que nos capacitam a movimentar e encarar a dura realidade de uma sociedade imposta e pouco generosa, egoísta e corrupta. Nascemos para morrer, e que esta morte seja em berço esplendido como os poetas cantam em seu hino esplêndido á pátria amada!

Ruan Sena


segunda-feira, 5 de agosto de 2013

A mesma porta

Aqui estou eu, de frente a mim mesmo mais uma vez, me perdendo em meus pensamentos que oscilam como os ventos.
Eles vem de todas as partes, tudo me inspira e devaneia.
Tudo ganha e perde cor, gosto, vida...
Já ouvi tantos dizeres, já vi muitos amores e espero a tão chegada hora de todos com entusiasmo, mas também penso na minha.
Outros por aí cantam, oralizam palavras que adormecem no seio de suas memórias e musicalizam sua mais distinta e autêntica forma de viver.
Aqui estou eu, de frente a mim mesmo mais uma vez!
De frente a porta que se entreabre, mas tenho medo de entrar.
Sim, sim podem até me acharem um tanto desconfiado, prudente e até mesmo medroso, mas respeito minhas experiências, algumas um tanto desagradáveis até. 
Talvez, por estas últimas, prefiro a porta trancada e nem ouso dar uma espiada, pode ser muito arriscado. 
Deixo as mentiras, os amores e até mesmo as verdades do lado de fora.
Mas dentro de mim, esta porta se abre, abre não, ela escancara, porque o medo pra mim funciona como anestésico, sempre me assusta a primeira picada, mas em segundos tudo vira sossego.



Ruan Sena



domingo, 14 de abril de 2013

Acontecimentos

  O universo conspira em favor daqueles que buscam por seus desejos e sonhos mais intimos, que não trai suas vontades e nem contraria seus pensamentos por acreditar estar errado o suficiente para recomeçar. 
  O universo conspira em favor dos que não temem suas erradas trilhas, seus defeitos e não se martirizam por suas faltas, mas que insistem em ver com os próprios olhos até onde o curso dágua se deleita. 
  Para aqueles que percorrem o desconhecido mundo dos sonhos e se aventuram em sentimentos ainda não sentidos, o caminho se abre como uma ponte que liga os mundos imaginário e real. 
  Esperar o inesperado é tão prazeroso quanto tomar danone e passar o dedo no restinho que fica nas laterais do copinho (risos). As coisas acontecem simplesmente porque elas precisam acontecer, ao meu ver não existe tempo certo ou errado, lugar isso ou aquilo, tudo vira oportunidade quando nos permitimos redefinir sentimentos e nos lançar as experiências ocultas da vida.
  Feliz por pensar assim, e que venham dias de sol e sombra fresca!


Ruan Sena


sábado, 23 de março de 2013

Um dia!

Um dia virarei ar, não irei respirar e sim ser aspirado. 
Serei nuvem de todas as cores, e se eu tiver escolha quero ser daquelas que acompanham o arco íris no finalzinho de um chuvisco, sabe aquelas bem coloridas e úmidas, pois é!
Um dia talvez eu renasça como planta ou estrela como algumas lendas contam. Não importa, meu corpo viraria sol, mar, cristal ou flores pelo caminho só para chamar sua atenção. Para roubar teu olhar por um instante se quer e arrancar aquele sorriso bobo e ingênuo que só você tem. Eu me esconderia por entre os bambuzais mas deixaria no ar o meu cheiro só para que vc me achasse de repente e me surpreendesse com um beijo. Sim você me acharia na simplicidade, mas preferiu as complicadas (risos), vai entender a vida ou o que se passa no coração dos seres chamados humanos. Entendo alguns motivos, outros ignoro e outros tolero, só não entendo porque complicar-se enquanto a vida é fácil para os querem e os sentimentos são sementes que cultivadas geram grandes frutos, pode levar tempo, mas é certo que eles vingarão!




sábado, 2 de março de 2013

A(creditar).

Passei horas pensando sobre esta palavra, ACREDITAR, que importância enorme ela exerce sobre nossas vidas, e as vezes passa despercibida. 
Como é preciso neste nosso mundo de hoje acreditar em tudo, depositar crédito nas coisas, nas pessoas, na sociedade, enfim em mim mesmo. 
Tudo o que nos cerca precisa de uma porção nem que seja mínima de crédito, de crença, para continuar exalando vitalidade, alimento para o nosso espírito e para o bom funcionamento da ordem harmônica universal. 
Insisto em acreditar que as pessoas ainda podem mudar, que a sociedade ainda virá gozar de uma paz perpétua, que ricos e pobres se entenderão sem preconceitos ou falsidades, que a igualdade religiosa desfrutará do precioso banquete da tolerância, que o amor será a única regra de vida de todas as civilizações, credos, raças enfim do universo. 
Preciso crer, creditar e apostar, mesmo que toda essa energia depositada seja pequena diante da grandeza com que estou me dando, ninguém poderá dizer a frente de que eu não ACREDITEI. 
O simples fato de acreditar faz com que montanhas se movam, como dizia Jesus na parábola da semente de mostarda, mesmo que seja pequena minha fé, minha crença ou meu acreditar, posso eu fazer com que montanhas se movam de lugar. Ah, se posso mover montanhas, porque não posso construir em fé um sentimento tão lindo e tão simples para toda humanidade,como o amor?


quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Pensamentos matinais


Meu mundo é assim!
Minhas manhãs são coroadas com o frescor das brisas. 
O sol me acorda com seu toque aconchegante e quente. 
Quase sempre coloco os pés no chão e sinto a pedra fria e escorradia por musgos  da floresta, sinto o cheiro das montanhas que o vento traz brincando com meus cabelos. 
Tenho a sensibilidade de levantar da cama e ir ao banheiro e ligar a torneira para lavar o rosto e não ver a torneira, mas uma cachoeira limpida e brilhante. 
Sim! misturo meus sonhos com a realidade as vezes dura da vida,e isso pra mim é uma das minhas mais preciosas riquezas. 
Não abro mão!

Bom dia ^^


terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Simplesmente Simples

Coisas simples me encantam!
Sabe aquelas que marcam? Que deixam cheiro de essência pura. Gosto dos sentimentos inesperados e dos sorrisos arrancados por olhoares ingênuos e apaixonantes. Enfim, um perfume numa carta, ou uma flor arrancada no jardim da minha casa, sou bobo e prefiro ser bobo, pelo menos a sensibilidade me circunda como borboleta que pousa de mansinho sobre a pétala macia de uma rosa.


sábado, 26 de janeiro de 2013

Despe-te

Despe-te de tuas vestes.
Disponha-se a se cobrir de céu.
A comunicar a transparência, ser limpa, sem mácula.

Despe-te de ti mesmo.
Rasgue suas façanhas, borre seu batom.
Se olhe no espelho, se veja do outro lado.

Encara-te a ti mesmo.
Seja infiel com a verdade.
Ao menos se confronte.

Despe-te das máscaras que te ocultam.
Encara-te a ti mesmo.
Seja límpido como o riacho que corta a floresta.

Despe-te da normalidade.
Seja insana, enxergue a loucura por entre os lábios.
Professe uma fé contraria.

Ao menos despido de ti, estarei despido de mim.
E poderei renascer por entre a fuligem do velho pássaro.

Despido, sem mácula, sem máscaras e claro como o riacho.


quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

Dias

Têm dias que não dá para ter voz!
Têm dias que as vozes se calam.
Que os olhos se fecham inseguros.
Que a garganta segura o nó do não engolido.
Têm dias que tudo é nada e o nada é tudo.
Há dias em que tudo seca,
Não existem mais estoques de lágrimas.
Tudo foi derramado, esbanjado e desperdiçado.
As palavras doces agora estão salgadas e amargas.
O gosto do desgosto é degustado no prato do sedento.
Do sedento de paz, de vida de liberdade.
Têm dias que a fé se torna grão e não move montanha nenhuma!
Eu até grito com as montanhas para que se movam, mas nada acontece.
Os deuses fecham os oráculos.
Só resta eu comigo mesmo.
Eu que sou fraco, fragmentado e minúsculo.
Levanto os olhos em direção ao horizonte.
O céu se abre em uma cortina negra com pontilhados brilhantes cor de prata.
A lua brilha mais forte e dentro de mim a voz calada grita.
Sinto a brisa trazer as respostas, tudo muda de repente e a certeza de dias melhores invade-me a alma.
E o fim se torna o início do inicio de um fim.





sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

Amor, vazio poético.

Eu e minha busca desesperada por um amor...
Será que este amor que tanto procure existe?
Se dá em pé de alguma árvore ou brota do chão como os lírios do campo?
 Tem cheiro? Cor?
Ando vagando pelas ruas como alma desencarnada a espera do ceifeiro que tarda em não me encontrar. Será o ceifeiro o meu amor, ou o beijo frio e mortal da morte?
Meu peito lateja a dor da falta, nada supre o vazio e a fraqueza na qual ele se encontra.
Engraçado que o amor é comum para tantos, mas para mim é raridade. Não é nada comum, não consigo encontrar nas esquinas, nos bares ou nas músicas. Os poetas ainda me enganam, me inspiram e me deixam apenas no estado alquímico de acreditar que tudo não passa de uma perfeita combinação.
Ah, sabe de uma coisa, se este amor, e falo do amor dos poetas, fosse bom de verdade eles não acabariam em catástrofes e nem lamentariam a perda dos seus ou se desse tempo, a perda de sua própria vida. Este amor me amedronta e me deprime. Mas pelo menos uma coisa temos muito em comum,olhamos para a lua e fazemos do céu nosso altar, depositamos ali nossas preces e cantigas e acreditamos ser correspondidos pelo universo, os raios da grande lua abençoam meus lábios e me devolvem ao coração a mais linda forma de amar, se isto é o amor eu não sei por certo, porém, sei que choro, e minhas lágrimas nestas horas não são de dor, e sim da alma de um ser que encontrou ali a porção faltante do seu coração vazio.


quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

A parte

A parte que parte ao meio
Que deixa em pedaços quadriculados ou sem forma alguma.
A parte que sangra, inflama e que ama.
A parte do amor que completa o amado.
Todas elas pensei ter em mente, estar consciente.
Mas não!
O inteiro somente é inteiro quando nossas partes se encontram, se encaixam.
Como peças de um quebra cabeça.
Num encontro de inteirices. 
Ouso até ser redundante porque o amor é redundante, repetido e as vezes sem graça.
Mas ao mesmo tempo, em parte, é único.
Cheio de si e cheio do outro.
Partes que eram distintas, diferentes, e que agora se igualam, viram uma e se tornam inteiras.


segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

Ter e Ser

Ter e não ter.
Ser e não ser!
A roda gira de pressa.
O moinho que gera a força.
A força que completa o homem.
O homem que tem vontade de ser,
E que deixa de ser para ter.
Ter é sempre mais importante.
A ganância da abundância.
A vontade acima da razão.
A razão que perde para o desejo.
O desejo que cega o sujeito.
O sujeito que no fim apenas é.
Volta a ser e não mais tem.
Não tem ninguém.
Apenas a si próprio.


domingo, 6 de janeiro de 2013

O dono da dança

A dança da vida mais uma vez começa.
A música que preenche o espaço e marca os passos?
São tantas!
O velho que varre as folhas secas do chão;
A porta emperrada da padaria que se abre;
A sirene de uma viatura que passa;
O silêncio de uma mulher que me olha com olhos falantes;
O sino da igreja que toca;
O andar, os gestos das tantas pessoas que madrugam no ponto de ônibus;
As luzes que se apagam ao cair o véu claro da manhã;
O pombo que cisca contente a árida terra;
O pardal que bica a migalha de pão;
O cachorro que brinca com seu dono;
O dono que não escuta.
O dono que não fala.
Que emudece as perguntas.
Mas o único que dança, porque sentiu tudo. Porque viu que a vida canta e sua melodia é tão simples quanto a sua forma simples de viver, tão simples como a brandura de sua alma.