segunda-feira, 29 de junho de 2015

Prazer, me chamo conto de fadas.

 Acordei de madrugada, transpirando pensamentos. Um nó na garganta apertava sem dó, me fazendo recuar com o travesseiro até me sentir de certa forma protegido de mim mesmo. Meus pensamentos me assombravam a noite e atrasavam o sono, que de nada podia fazer para amenizar a agonia que sentia em meu peito. Nada mais doído que a dor do coração, dos sentimentos, das palavras mais ou menos, das incertezas e do talvez.
 Gostam da minha barba macia, do meu cheiro e das palavras, do estilo largado e do cabelo bagunçado. Pouco criticam até conseguir arrancar de mim o resto que ainda insiste em acreditar numa história de amor. Me sugam toda energia, até a última gota, minha pureza e prontidão.
 "- Prazer, me chamam de conto de fadas, e você quem é?"
Muitos se calam por não saber ou ao menos querer tentar arriscar a chance de se entregar. Tá aí a bomba de Hiroshima, basta chegar com o novo que a pessoa fica pronta a explodir toda uma carga verbal em cima de você, te dando "N´s'' motivos para justificar seu atual retrocesso. Chegam de mansinho com tanta ternura e até mencionam estar decidindo egocentricamente um futuro que não passa de um vazio presente. Sabe de uma coisa, cansei de ser conto de fadas, acho que preciso virar pesadelo. De chapeuzinho vermelho a lobo mau.

Ruan Sena
Lua crescente - Véspera de Esbath


quarta-feira, 10 de junho de 2015

Silêncio

 Em meio as crises e desencontros, é preciso transcender.
 Transcender no sentido mais essencial da palavra.
 Como é difícil entender o que o universo têm a dizer, enquanto um turbilhão de coisas passam por nossas mentes e nos ensurdecem ao ponto de não conseguir ouvi-lo. Sua voz não grita e sua linguagem é de antiga sabedoria, as vezes incompreensível e enigmática. É algo tão sublime e eficaz que, quando conseguimos captar ao menos um ponto de tudo aquilo que nos é dito, uma mudança é ocorrida imediatamente em toda esfera material na qual estamos inseridos.
 Investir no silêncio, é lucro. Quando me calo, meus ouvidos se abrem para a escuta, e aí mora o segredo do desconhecido.
 Que nossas almas, neste século de superficialidades nos permitam calar, escutar e ouvir a voz que nunca se cansa de chamar, instruir e assim como o vento nos moldar como belíssimas esculturas.
 Que assim seja!

Ruan Sena
Véspera de Litha 2015 - Lua Minguante