quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

Sunshine

  Este é um conto que ouvi de um coração, um dos poucos que ouvi e que me interessei.
  Certa vez Lindão se encantou pelas palavras, pela doçura e pela musicalidade tão sensível de Sunshine.   
  Sempre que conversavam trocavam vídeos e mais vídeos, quase na intenção de convencer o quanto um era mais sensível que o outro. Ambos queriam se doar, colocar por detrás de seus vídeos favoritos e suas músicas, o sentimento tão pouco visto por todos. Era quase que um encontro frequente de sentimentalismos e carinhos. É importante destacar que por muito tempo se falaram por uma rede social, até que em uma noite fria resolveram se encontrar e materializar os sentimentos escritos e cantados. Não dera outra, houve conexão desde as primeiras sílabas pronunciadas. O rapaz de nome diferente se mostrava tão belo quanto suas palavras. O que mais chamava a atenção de Lindão era a simplicidade e a energia que os envolvia. 
  Que noite mágica foi aquela em que a sensibilidade não era especificamente de um ou de outro, mas eram a própria sensibilidade encarnada. Tudo foi completo, tudo se completava.Nem o tempo conseguiu roubar a calmaria daquele momento. A madrugada fria quase os obrigava a adormecer um sobre os braços do outro, parece que o universo inteiro conspirava para que tudo fosse inesquecível, e por certo foi! 
Aos poucos as pálpebras se encontraram e adormeceram então. Lindão sonhou, e pensava ter sido abduzido para uma outra dimensão, tamanha era sua paz e alegria interior. Quando acordaram, Lindão o perguntou o porque de seu nome ser tão diferente de todos os que havia visto. Sunshine sorriu, apenas sorriu e naquela mesma hora Lindão entendera o porque. Ele viu em seus rosados lábios o sol e nem precisou de palavras, o sorriso dizia tudo!

Fim




segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Cores

  Ha se as cores falassem com voz, diriam e catariam a beleza da vida expressa no vigor e na nitidez de suas tonalidades. Exibiriam com majestade e refletiriam a grandeza e o esplendor de si próprias. Dançariam na escuridão, trariam mais esperança e gritariam por vida onde o negro ou pálido branco neutro insistisse em tomar controle. 
   Ha se as cores falassem, e de fato elas falam!
   Eu mesmo vi quando o breu do meu quarto se encheu de luz, e os meus pássaros negros se transformaram em aquarela e vieram assoviar e pousar na minha janela. Cada um com sua beleza e sua cor própria, transmitia paz, pureza e o mais importante Vida. 
   Entendi que a paciência me é necessária para alcançar a alma, e da alma extrair as cores mais belas. Vida que é feita de cores, cores que completam a alma e alma que é a própria vida.


quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

Canção de Esbat

Que seja a estrela vespertina a me guiar.
Que seja a lua cheia a me iluminar.
Cantando e dançando este som pagão
Invocamos a Grande Mãe e pedimos proteção.

Lua cheia, Lua de amor
Jovem donzela, mãe e anciã.
Faces da Deusa, luz e calor.
Reviva-nos grande mãe Inanã.


sábado, 8 de dezembro de 2012

Des(acredita)do.

  Certa vez, um rapaz resolveu colocar a prova toda sua capacidade de amar. Queria provar para si próprio de que o amor era um engano, uma fraqueza humana. 
  Recortou então vários coraçõezinhos de papel e os pendurou nos galhos secos de uma pequenina árvore que havia encontrado no quintal de sua casa, e que por falta de cuidados viera a morrer.
  - Como esta árvore seca, meu amor também secará,e então, me sentirei mais forte e não mais cairei nestas armadilhas - repetia incansavelmente o rapaz para si, como uma espécie de encantamento.
  A cada vez que tinha uma experiência de desamor, retirava um coraçãozinho da pequena árvore seca e o rasgava, simbolizando menos um amor, menos uma dor. 
  O tempo foi passando e os corações estavam chegando ao fim. 
  Restava apenas um. 
  Foi quando percebeu que a árvore havia dado espaço para pequenos brotinhos e que seus galhos começavam a exibir uma folhagem nova e brilhante, escondendo por entre as folhas o último coração.
  De certa forma, aquele coração permaneceu entre as folhagens, e ele percebeu então que o amor é muito mais do que sentimento, que está além da compreensão humana, que é divino, que está em toda parte, não se limita a pessoas ou a atos ou pensamentos. Não se resume em palavras bonitas, as vezes o amor é feio como aquela árvore seca, doído, aparentemente sem vida. O segredo está em nunca desistir, como a natureza nunca desiste e então chegaremos a conclusão de que no fundo do fundo é simples ser feliz, e que esta simplicidade se chama Amor.


quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Flores de Inverno

  Plantei sementes, cultivei flores da estação, mas o inverno chegou mais cedo e cobriu com seu manto branco toda a vegetação rasteirinha e obviamente minhas sementes. O que para mim estaria fadado a morte para a natureza começava o mistério da vida. Do imenso manto branco minhas sementes brotaram e exibiu lindos botões, as chamei de flores de inverno. Borboletas vieram pousar sobre os pequeninos brotinhos, não me pergunte de onde vieram, só sei que apareceram do nada até porque da primavera não havia nem cheiro.      
  Acho que a grande Mãe estava querendo me ensinar ou ao menos relembrar de lições que havia me esquecido ha muito tempo. 
  Me fez reaprender que é preciso ver as coisas com olhos penetrantes, não me perder pelas curvas surpreendentes da superfície, muitas das vezes o que pensamos estar morto exala mais vida do que a mim mesmo. Exatamente como o velho ditado diz, não julgar o perfume pelo tamanho do frasco. 
  Interessantes pensamentos para os que pensam.


quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

A Véia mãe

Abismado com as palavras de uma senhora de uns 75 anos que encontrei no ponto de ônibus próximo a minha casa. Sua face riscada pelo tempo, riscos que me contavam as experiências nada agradáveis vividas por ela. Um filho que a xingava e a maltratava cotidianamente, a fazia de capacho, ou como ela disse que ele costumava chamá-la, ''véia miserável''.
Com toda paciência do mundo, suas palavras pausadas para conter as lágrimas que começavam a surgir no canto dos seus olhos esbugalhados pela  magra fisionomia, dizia não sentir raiva e nem ressentimento.
 - De filho a gente aguenta tudo, mesmo que ele não mereça e nem reconheça, só tô fazendo a vontade do Pai lá de cima, sendo mãe. E assim nóis vamo vivendo até que a terra me cubra no silêncio e me traga a paz que hoje não tenho.
 E eu? Parei, pensei e chorei !


domingo, 2 de dezembro de 2012

Sementes

  Lancei sementes pelo caminho.
  Minha intenção ingênua de arar o terreno vazio, abandonado e cascalhado, foi ganhando vida quando percebi que até os passarinhos animavam minha luta em torná-lo fértil.O som de suas melodias assoviadas, penetravam meu coração ao mesmo tempo em que eu cavava pequenos leitos  para as tão macias sementes. Me lembrei da canção de Cazuza: '' Flores são flores vivas num jardim  Pessoas são boas já nasceram assim. flores são flores colhidas sem dó por alguém que ama e não quer ficar só.''
   Ao cobri-las,um suave e fino chuvisco caiu sobre a terra vermelha e fofa, e nós, eu e os passarinhos, dançamos juntos na chuva agradecendo pela benção dos céus.
  Tenho esperança que vingue as minhas sementes, que cresçam, e se tornem grandes e viçosas árvores, que suas copas atinjam alturas capazes de ocultar a visão urbana dos arranhas céus.
  A simples iniciativa em semear, me fez refletir, pensar que as sementes de ontem são os frutos de hoje,e que as sementes de hoje são os frutos de amanhã! Fui sábio, acredito eu, levando em conta as palavras que li em um dos livros de Augusto Cury, o nome do livro nem me lembro mais, porém algumas palavras me impregnaram o coração como perfume impregna o corpo. As palavras foram estas: ''...sábio é o ser humano que tem coragem de ir diante do espelho da sua alma para reconhecer seus erros e fracassos e utilizá-los para plantar as mais belas sementes no terreno de sua inteligência.''



sábado, 1 de dezembro de 2012

Vestido de Trapo

Por hoje me decidi, pelo menos por hoje!
Decidi que não quero vestes rasgadas e nem andar como maltrapilho.
Vagar pelas noites sem rumo, á margem do abismo da dúvida.
Brindar com minha loucura e perder minha sanidade.
Quero mesmo é celebrar vestido de gala.
Quero mesmo é sonhar,e já estou fazendo as malas.
Para não mais voltar atrás.
Cansei de vestidos de trapo, dos rasgados de pele e cetim remendado.
Das noites passadas sem sono, jogado no canto e no abandono.
Dos repetidos retratos, mal tirados e sem formatos.
Dos variados e das variáveis.
Eu rasgo o vestido de trapo com os seus remendados
Me enrolo de arame farpado para me proteger,.
Proteger do inquilino passado.
Que por tempos estive fitado.
Fitado não, preso, aprisionado.