quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

Sunshine

  Este é um conto que ouvi de um coração, um dos poucos que ouvi e que me interessei.
  Certa vez Lindão se encantou pelas palavras, pela doçura e pela musicalidade tão sensível de Sunshine.   
  Sempre que conversavam trocavam vídeos e mais vídeos, quase na intenção de convencer o quanto um era mais sensível que o outro. Ambos queriam se doar, colocar por detrás de seus vídeos favoritos e suas músicas, o sentimento tão pouco visto por todos. Era quase que um encontro frequente de sentimentalismos e carinhos. É importante destacar que por muito tempo se falaram por uma rede social, até que em uma noite fria resolveram se encontrar e materializar os sentimentos escritos e cantados. Não dera outra, houve conexão desde as primeiras sílabas pronunciadas. O rapaz de nome diferente se mostrava tão belo quanto suas palavras. O que mais chamava a atenção de Lindão era a simplicidade e a energia que os envolvia. 
  Que noite mágica foi aquela em que a sensibilidade não era especificamente de um ou de outro, mas eram a própria sensibilidade encarnada. Tudo foi completo, tudo se completava.Nem o tempo conseguiu roubar a calmaria daquele momento. A madrugada fria quase os obrigava a adormecer um sobre os braços do outro, parece que o universo inteiro conspirava para que tudo fosse inesquecível, e por certo foi! 
Aos poucos as pálpebras se encontraram e adormeceram então. Lindão sonhou, e pensava ter sido abduzido para uma outra dimensão, tamanha era sua paz e alegria interior. Quando acordaram, Lindão o perguntou o porque de seu nome ser tão diferente de todos os que havia visto. Sunshine sorriu, apenas sorriu e naquela mesma hora Lindão entendera o porque. Ele viu em seus rosados lábios o sol e nem precisou de palavras, o sorriso dizia tudo!

Fim




segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Cores

  Ha se as cores falassem com voz, diriam e catariam a beleza da vida expressa no vigor e na nitidez de suas tonalidades. Exibiriam com majestade e refletiriam a grandeza e o esplendor de si próprias. Dançariam na escuridão, trariam mais esperança e gritariam por vida onde o negro ou pálido branco neutro insistisse em tomar controle. 
   Ha se as cores falassem, e de fato elas falam!
   Eu mesmo vi quando o breu do meu quarto se encheu de luz, e os meus pássaros negros se transformaram em aquarela e vieram assoviar e pousar na minha janela. Cada um com sua beleza e sua cor própria, transmitia paz, pureza e o mais importante Vida. 
   Entendi que a paciência me é necessária para alcançar a alma, e da alma extrair as cores mais belas. Vida que é feita de cores, cores que completam a alma e alma que é a própria vida.


quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

Canção de Esbat

Que seja a estrela vespertina a me guiar.
Que seja a lua cheia a me iluminar.
Cantando e dançando este som pagão
Invocamos a Grande Mãe e pedimos proteção.

Lua cheia, Lua de amor
Jovem donzela, mãe e anciã.
Faces da Deusa, luz e calor.
Reviva-nos grande mãe Inanã.


sábado, 8 de dezembro de 2012

Des(acredita)do.

  Certa vez, um rapaz resolveu colocar a prova toda sua capacidade de amar. Queria provar para si próprio de que o amor era um engano, uma fraqueza humana. 
  Recortou então vários coraçõezinhos de papel e os pendurou nos galhos secos de uma pequenina árvore que havia encontrado no quintal de sua casa, e que por falta de cuidados viera a morrer.
  - Como esta árvore seca, meu amor também secará,e então, me sentirei mais forte e não mais cairei nestas armadilhas - repetia incansavelmente o rapaz para si, como uma espécie de encantamento.
  A cada vez que tinha uma experiência de desamor, retirava um coraçãozinho da pequena árvore seca e o rasgava, simbolizando menos um amor, menos uma dor. 
  O tempo foi passando e os corações estavam chegando ao fim. 
  Restava apenas um. 
  Foi quando percebeu que a árvore havia dado espaço para pequenos brotinhos e que seus galhos começavam a exibir uma folhagem nova e brilhante, escondendo por entre as folhas o último coração.
  De certa forma, aquele coração permaneceu entre as folhagens, e ele percebeu então que o amor é muito mais do que sentimento, que está além da compreensão humana, que é divino, que está em toda parte, não se limita a pessoas ou a atos ou pensamentos. Não se resume em palavras bonitas, as vezes o amor é feio como aquela árvore seca, doído, aparentemente sem vida. O segredo está em nunca desistir, como a natureza nunca desiste e então chegaremos a conclusão de que no fundo do fundo é simples ser feliz, e que esta simplicidade se chama Amor.


quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Flores de Inverno

  Plantei sementes, cultivei flores da estação, mas o inverno chegou mais cedo e cobriu com seu manto branco toda a vegetação rasteirinha e obviamente minhas sementes. O que para mim estaria fadado a morte para a natureza começava o mistério da vida. Do imenso manto branco minhas sementes brotaram e exibiu lindos botões, as chamei de flores de inverno. Borboletas vieram pousar sobre os pequeninos brotinhos, não me pergunte de onde vieram, só sei que apareceram do nada até porque da primavera não havia nem cheiro.      
  Acho que a grande Mãe estava querendo me ensinar ou ao menos relembrar de lições que havia me esquecido ha muito tempo. 
  Me fez reaprender que é preciso ver as coisas com olhos penetrantes, não me perder pelas curvas surpreendentes da superfície, muitas das vezes o que pensamos estar morto exala mais vida do que a mim mesmo. Exatamente como o velho ditado diz, não julgar o perfume pelo tamanho do frasco. 
  Interessantes pensamentos para os que pensam.


quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

A Véia mãe

Abismado com as palavras de uma senhora de uns 75 anos que encontrei no ponto de ônibus próximo a minha casa. Sua face riscada pelo tempo, riscos que me contavam as experiências nada agradáveis vividas por ela. Um filho que a xingava e a maltratava cotidianamente, a fazia de capacho, ou como ela disse que ele costumava chamá-la, ''véia miserável''.
Com toda paciência do mundo, suas palavras pausadas para conter as lágrimas que começavam a surgir no canto dos seus olhos esbugalhados pela  magra fisionomia, dizia não sentir raiva e nem ressentimento.
 - De filho a gente aguenta tudo, mesmo que ele não mereça e nem reconheça, só tô fazendo a vontade do Pai lá de cima, sendo mãe. E assim nóis vamo vivendo até que a terra me cubra no silêncio e me traga a paz que hoje não tenho.
 E eu? Parei, pensei e chorei !


domingo, 2 de dezembro de 2012

Sementes

  Lancei sementes pelo caminho.
  Minha intenção ingênua de arar o terreno vazio, abandonado e cascalhado, foi ganhando vida quando percebi que até os passarinhos animavam minha luta em torná-lo fértil.O som de suas melodias assoviadas, penetravam meu coração ao mesmo tempo em que eu cavava pequenos leitos  para as tão macias sementes. Me lembrei da canção de Cazuza: '' Flores são flores vivas num jardim  Pessoas são boas já nasceram assim. flores são flores colhidas sem dó por alguém que ama e não quer ficar só.''
   Ao cobri-las,um suave e fino chuvisco caiu sobre a terra vermelha e fofa, e nós, eu e os passarinhos, dançamos juntos na chuva agradecendo pela benção dos céus.
  Tenho esperança que vingue as minhas sementes, que cresçam, e se tornem grandes e viçosas árvores, que suas copas atinjam alturas capazes de ocultar a visão urbana dos arranhas céus.
  A simples iniciativa em semear, me fez refletir, pensar que as sementes de ontem são os frutos de hoje,e que as sementes de hoje são os frutos de amanhã! Fui sábio, acredito eu, levando em conta as palavras que li em um dos livros de Augusto Cury, o nome do livro nem me lembro mais, porém algumas palavras me impregnaram o coração como perfume impregna o corpo. As palavras foram estas: ''...sábio é o ser humano que tem coragem de ir diante do espelho da sua alma para reconhecer seus erros e fracassos e utilizá-los para plantar as mais belas sementes no terreno de sua inteligência.''



sábado, 1 de dezembro de 2012

Vestido de Trapo

Por hoje me decidi, pelo menos por hoje!
Decidi que não quero vestes rasgadas e nem andar como maltrapilho.
Vagar pelas noites sem rumo, á margem do abismo da dúvida.
Brindar com minha loucura e perder minha sanidade.
Quero mesmo é celebrar vestido de gala.
Quero mesmo é sonhar,e já estou fazendo as malas.
Para não mais voltar atrás.
Cansei de vestidos de trapo, dos rasgados de pele e cetim remendado.
Das noites passadas sem sono, jogado no canto e no abandono.
Dos repetidos retratos, mal tirados e sem formatos.
Dos variados e das variáveis.
Eu rasgo o vestido de trapo com os seus remendados
Me enrolo de arame farpado para me proteger,.
Proteger do inquilino passado.
Que por tempos estive fitado.
Fitado não, preso, aprisionado.






sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Olhares

Meus olhos não somente veem, eles falam, sentem, posso dizer que quase possuem vida própria  
Meus olhos não mentem, até tentam mas não conseguem.
Meus olhos lacrimejam quando estou triste, mas também quando me sinto feliz.
Acompanha meus lábios nos sorrisos.
Olhares contam mais do que palavras, a intensidade que se encontra por trás da irrigada iris, as cores, as formas, tudo comunica a expressão da pureza e da essência da alma. São portais para o nosso intimo, âmago do ser. Refletem a magia ou a maldição de toda uma vida. 
Olhares me encantam, me fascinam, funcionam como lenha, para alimentar o ardente fogo dos sentimentos.


segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Desinflamado de amor

Desinflama-me o coração, cansei das dores e das feridas maltratadas a cada vez que ouço suas palavras, seus soluços, seus versos vazios e as lágrimas forçadas. Desencana, me desengane, não minta e não finja os sentimentos que por mim nunca vão vingar. Me deixe andar sozinho pela cidade escura, vagando e pedindo ajuda nas encruzilhadas, vai que o santo me ouve! Prefiro os passos lentos e solitários que os largos que você me oferece. Não se preocupe meu amor, o silêncio me trará também as respostas. O único barulho que quero ouvir é o barulho das ondas batendo nos corais á beira mar e com este barulho, que para mim soa como melodia, farei minha oração a mãe das águas. Pelo menos a salgada água do mar se confundirá com minhas lágrimas que escorrem pelo canto dos olhos e talvez ao raiar do dia eu já me sinta bem, pronto para devolver ao mundo o coração lavado na salmoura, doente, mas já desinflamado de amor.





sábado, 24 de novembro de 2012

Linhas Tortas



Existem teorias que defendem a ideia de que nós seres humanos somos como uma folha de papel, nascemos branquinhos e sem pautas. Nossas experiências, a cultura e um variado leque de coisas é que vão determinando, construindo e formando o nosso caráter, personalidade e conduta. 

Pensando nestas teorias algo curioso me veio a mente: bom,hoje tenho 22 anos, quase 23, muitos rabiscos já tiraram a palidez das páginas da minha vida, tantas são as palavras que brincaram e que ainda brincam de pula-pula no meu coração, muitas perderam o significado, outras porém ganharam significados e traduções diversas. Até aí tudo bem, concordo em parte de que nascemos ''limpinhos e branquinhos'' feito folha de papel e que hoje me encontro perdido no imenso labirinto de rabiscos. 

Mas e a borracha? Esqueceram dela... seria um erro? Não duvido que alguns defendam a sua existência, afinal seria tudo mais fácil e bonito. A vida deixaria de ter espinhos para ser o tão sonhado mar de rosas. Um simples deslise, e pronto, a borracha entraria em ação, apagando as linhas tortas e dando a oportunidade de reescrever o conto de João e Maria sem a bruxa malvada querendo-os devorar, seria somente ele, ela e a grande casa doce e agradável. Porém, tanta doçura uma hora acaba enjoando, não é verdade? 

De que valeria a vida sem os erros, sem rabiscos, sem recomeços. As palavras esperança  perseverança  conquista, vitória, todas elas perderiam o sentido e seriam com certeza banidas do nosso dicionário. Foi daí que parei de desejar tanto uma borracha para apagar minhas linhas tortas, e comecei a escrever novamente a minha história, considerando alegremente todos os meus rascunhos, me permitindo errar, colocando pedra sobre pedra até que seja erguido com majestade o meu castelo,  e o meu coração se encha de júbilo por ter conseguido entender a mágica da vida. 

Prece da alma.


sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Otimismo

Misturando meus pensamentos nas poucas horas vagas de trabalho, deparei-me como de costume palavreando-os. Me vi mais uma vez no meu esconderijo, lugar preferido, o mais intimo e místico: dentro de mim.  O que para tantos parece ser coisa leviana estes momentos, ao meu ver é o tesouro mais rico e raro de todos os outros. A menor pretensão de acreditar que as coisas podem num passe de mágica se transformar no mais puro e reluzente ouro sem ao menos precisar da cobiçada pedra filosofal; de acreditar que as situações mais complicadas e controversas magicamente se tornam amenas e pacificas. Tudo exala o doce perfume da esperança, o que me me faz acreditar, mover e provar o gosto de dias melhores que ainda não chegaram mais que ainda estão por vir, e dentro de mim espero ansiosamente por estes dias. Olhar para trás é necessário as vezes, para que consigamos perceber o tamanho e a profundidade do nosso progresso, afinal é sempre de um passado que se constrói um futuro.


quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Roda Gigante

A roda não para,gira, gira e gira sem parar. 
Uma roda gigante humana, onde os cadeirantes são os próprios corações. 
Oscilando entre altos e baixos, uma alternação quase que costumeira.
Uma questão de sobrevivência para muitos, pois é sempre mais fácil se alimentar da carência alheia do que sofrer por ela. Deixar correr frouxa a corda do destino, até que de tão distante se torne um fino fio, uma pequena liga, ameaçando romper-se a qualquer momento. E quando rompe, tudo vira confete, uma explosão de cores e sentimentos tão vazios quanto a alma de quem achou ter segurado a corda por tempo bastante. E quando seria o bastante? Como saber se foi o bastante?
Respostas nem um pouco difíceis de serem dadas, mas que ficam perdidas em suas complexidades. 
Na verdade o bastante nunca é o bastante, ou melhor, nunca foi. 



domingo, 18 de novembro de 2012

Solitudo


Paro, penso, logo insisto!
A fina linha: o destino.
Talvez, meu desafio, a minha missão nesta terra de homens é solitária. Somente eu e a estrela vespertina, a lua cheia de prata como guia, a relva crescente e as gotas frescas do orvalho como companhia fiel nas horas de sede. Somente eu e minhas plantas, meus livros, minhas magias e meus segredos. Já senti medo desta solidão, mas hoje ela é minha amiga mais fiel. Com ela eu vou seguindo meu caminho, até que ao útero da grande mãe eu volte para descansar no amor, e entender o que é o amor. Já senti medo de ficar sozinho, de falta de carinho, mas na imensidão antes despercebida pela cegueira causada pelo sentimento deturpado, encontrei as mais lindas canções de amor, como o canto dos pássaros. O vento, meu aliado, nunca me deixa só, respira comigo, me traz fôlego e refresca-me a alma. As flores entram na minha dança celebrando a dádiva da vida, exalam teu doce perfume, me inspiram e me alegram. 
E eu pensei que estava só! 
Bobeira a minha não é verdade? 
(risos)

 Agradeço-te mãe por cuidar de mim, e por guardar-me em teu seio. Por abrir meus caminhos, e ver a solidão como uma amiga, como uma de suas faces mais ricas e sábias.

terça-feira, 13 de novembro de 2012

Áspero como suas palavras.

A vida é mesmo muito engraçada, a forma como as coisas vão se encaixando, tomando direção, brilhando ou ofuscando, tudo parece girar em torno da gente. Palavras, que para mim são tão poderosas e significantes quanto os tais ''atos'', se limitam em escorrer pelo ralo das promessas não ou mal cumpridas. Sinceramente, toda minha doçura azeda ao sentir o odor do enxofre antes confundido com o mais sublime perfume. Perfume que eu gostava, que me inundava e nunca era o bastante! Ah, e o sorriso exposto ao dizer bobeiras, ao ficar calado, os olhares tão fitantes, coisas tão simples mas que surtiam efeitos enormes dentro de mim. Bobeiras que não eram dos outros, eram minhas, eram nossas. Sorrisos que não eram para os outros, eram para mim, eram por mim e eram por nós. Hoje, minhas palavras encarnam a vossa dureza cultivada, e as minhas tão doces, se tornam ásperas como as suas.


quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Saudade

As vezes tenho umas saudades intraduzíveis, complicado definir de quê/quem. Não sei se foi a música que coloquei para tocar enquanto eu tomava um chá de camomila, ou até mesmo do chá. Se foi aquelas palavras que eu criei em imaginação, querendo ouvir de você. Sei que algo misteriosamente me fez acessar uma pequena parte das minhas memórias perdidas e empoeiradas pelo tempo. Acho que com tanto pó acumulado eu não consiga materializar o sujeito, o evento o ocorrido.De alguma forma todo sentimento anestesiado começou a doer de novo no peito e consumir devagarinho meu coração. Pouco a pouco, ia me entregando a este sentimento, uma mistura de sensações estranhas mas que me faziam tão bem. Angustiado talvez, mas bem. Saudade não se traduz, se lembra, revive. É como aquela ferida que criou casca mas quando cutuca, fere novamente e começa a sangrar. Acho que toda essa saudade era da própria saudade, da saudade de me sentir assim, vulnerável, sentimental, sensitivo. A saudade simplesmente de ser ''Eu''.


Passarinho

Como poderei eu me prender em uma gaiola, sendo eu um pássaro.
Tenho asas, preciso esticá-las, sentir a brisa e até mesmo os fortes ventos me atiçando as penas
Preciso levar aos oprimidos o meu canto, talvez eu consiga arrancar deles um sorriso.
Sei que sou pequeno, mas isso não me impede de viver intensamente minha missão.
Preciso voar, sentir o orvalho da manhã.
E que os primeiros raios de sol, os mais suaves me toquem.
Eles me despertam, me inspiram. 

Me sinto mais forte!
Vibrante,
Me sinto Eu, ser autêntico.
Dizem que os pássaros não pensam, que não são dotados da tal razão.
Mas sou seguro de que sou Livre.
E sou livre!
Liberdade preciosa, que muitos almejam mas não tem.
Joia rara, não se compra, se conquista.
Dádiva, divina? talvez
Mas é minha, é sua e pode ser nossa.
Se assuma, seja livre!
Voe comigo.






Ceifa

Ouvi palavras que há muito tempo não ouvia. Engraçado como alguns traduzem com as suas próprias, as divinas escrituras. ''Os que semeiam entre lágrimas, ceifarão com alegria, virá carregando em meio a sorrisos os feixes de seu plantio.'' Confirmando a autenticidade das palavras, porém sem destorcê-las, minha linda senhora Cora Coralina vem dizer:''O que vale na vida não é o ponto de partida e sim a caminhada. Caminhando e semeando, no fim terás o que colher.'' Com estas palavras, belezas tão antigas mas tão novas, que inicio minha semana, certo de que as lágrimas nem sempre são sinônimos de tristeza ou luto, mas também a esperança de um novo dia, cheio de surpresas que a vida por si própria nos reserva e que está logo ali a nossa frente.


Simples Magia

As pessoas camuflam a sua ideia sobre magia, caindo nos abismos do sobrenatural, do complexo, das palavras elaboradas e seus rituais secretos. Enquanto alguns pensam assim, eu pratico a magia do cotidiano, aquela onde meus mestres eu não vejo, mas sinto no vento, no orvalho da manhã, no cheiro das estações e até no canto dos pássaros. A magia que minha mãe faz todas manhãs, ao passar um café com um pão de queijo quentinho, com uma pitadinha de afeto, carinho, amor, delicadeza e sabedoria, as vezes ela nem saiba a influência do poder que ela exerce sobre minha vida com teus atos tão simples, cotidianos, mas humildes e sinceros, eficazes e poderosos.


domingo, 4 de novembro de 2012

Persuadere

Persuadere - do latim, que quer dizer inalar. Palavra que se encaixa perfeitamente á minha vontade. Estou com vontade do cheiro, de inalar, de sentir o doce e quente aroma do benjoim queimando e liberando teu perfume envolvente e quase sexual. De dançar com a fumaça que sobe do braseiro. Tenho afinidade com este cheiro, que me traz lembranças tão profundas, de um tempo em que o irreal era o meu real e o real era o meu irreal. Dois mundos que se abriam por entre a leve e branca fumaça do incenso, e eu nem me preocupava em diferenciá-los, gostava disso. Dizem, que o cheiro possui o poder de transportar-nos entre os desejos, os nossos mundos, as nossas paixões. Por entre as narinas ele passeia, chega ao céu da boca, vira gosto, penetra os poros e literalmente nos batiza no mistério da sua fragrância. Fumaça que comunica, que liga e desliga. Se é magia ou não, nem me importo. Prefiro as vezes desconhecer que conhecer, a não ser que o conhecimento venha desprovido da razão, das interrogações e das justificativas. Mas vale para mim, um mistério não desvendado e cheiro de aventuras, do que um mistério desvendado e pouco aproveitado.


sexta-feira, 2 de novembro de 2012

Em frente!


É preciso sempre ir, sempre seguir
Ir, sobretudo, em frente.
Frente, em frente e de frente.
É preciso não desistir, mas prosseguir.
Prosseguir, 
seguir, 
sorrir, 
agir, 
ir.
Sempre ir!


Resposta da Mãe

Não sei se já conseguiu perceber, mas dia de finados sempre vem acompanhado com aquela garoinha ao entardecer, o dia fica meio pesado, até que todo este peso se desmancha, caindo em forma de chuva.
Não existe uma explicação racional, mas na grande maioria das ocasiões o fato é que chove no Dia de Finados!
Diz a lenda que... "chove nesse dia porque toda a tristeza das pessoas que perderam um ente querido sobe ao céu e desce em forma de chuva para lavar toda a mágoa de quem ficou”. 
Interessante como a natureza, responde as nossas vibrações e devolve as lágrimas que caem em terra, ou sobre os portais das almas, chorando conosco, e nos trazendo o frescor para que continuemos a viver nosso ciclo em paz, e com esperança.



terça-feira, 30 de outubro de 2012

Des-visita-me

Tenho um pedido, um último que seja. Rebobine o rolo de fita, queime as imagens em que apareço. Não revele minha estranha ausência daquilo que nem mesmo sei se conhecia. Que conhecimento que nada! Não deu tempo. Para estas coisas o relógio para, ou corre acelerado, o tempo não perdoa. O tempo que alguns chamam de Deus, para mim se parece mais com o demônio. Assim digo, pois, me atrasa o sentimento, me faz perder o sentido, a noção, a delicadeza e o coração. Já não tenho fôlego, a dúvida me afoga com suas enormes ondas de desconfiança. Me sufoca e me tortura. Não quero mais visitações, se for para visitar, desejo que fique, e que fique à longo prazo. (Des)visita-me se não for permanecer! Não se aproxime, prefiro sofrer as dores do silêncio sozinho, do que ter o desprazer de uma visita que me arranca a alma em segundos e me condena a dor gritante de uma eternidade.



segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Pétala



Do que me adianta correr livre pelos campos esverdeados, sentir o macio toque da terra fresca que se espalha por entre meus dedos, cantar junto com os passarinhos, sentir a brisa acariciando de leve meus cabelos e arrancar um sorriso da minha pálida face? 
Me diz, do que adianta alcançar notas e contar as estrelas como passatempo, esperando que o sono venha e me alivie o coração?
Fadado estou eu, a passar desacordado as noites, porque você na sua inocência talvez, conseguiu enganar minha lucidez, e roubou meus pensamentos. E agora sou eu, prisioneiro seu. Prisioneiro do sentimento que em mim de tão grande não cabe, descabe em mim a capacidade de entendimento, e já nem sei se quero entender, só quero viver.
Ora, pelos campos encontro variadas flores e ervas, mas desta, a que tenho em mãos me resta apenas uma pétala, e não quero desperdiçá-la.





sábado, 27 de outubro de 2012

Sereia


Escuto o som, som de uma voz deslumbrante, que fascina, que apaixona. Me faz estremecer o coração, sinto calafrios, mas não são de medo, é quase uma mistura de emoção com intrepidez. Me embriaga, me cambaleia. Que voz é essa? Voz de sereia! Pensei, senti, tremi. Corri contra o vento, meu veleiro balançava e ameaçava me jogar aos braços da voz cantante. Tudo parecia estar a favor dessa minha insanidade, o vento, o veleiro, as ondas e a voz. Algo me dizia que seria meu fim, ou talvez, meu começo. O começo de uma vida desvivida. A voz incansável, se limitava a repetir o refrão de uma música que eu sabia já ter escutado em algum momento de minha vida: ''Eu não sabia buscar, foi quando apareceu o que eu quis inventar, para preencher o meu mundo particular no peito que era seu, no seu mundo não há mais nada que não eu já sei dizer que o amor pode acordar.'' E com esta melodia, com letra que já conhecia, fui cedendo aos encantos da voz que dizia, ou melhor, que cantava. O vento agitava as ondas, e rasgava as finas velas do velho veleiro.O veleiro já não suportava as imensas e vorazes ondas, e também já não precisava suportar. As ondas o engoliram facilmente, como se fosse a mais saborosa refeição. E eu? Hah, eu me encontrei na voz e com a voz. E o cantar incansável se tornou cansado, eu também. E como todo som, toda voz e toda música, uma hora para de tocar, assim parou meu coração. Então dormi,quando acordei percebi que o amor é uma vida, e que agora eu desvivia. 






quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Avalon

Tem dias que eu desejo profundamente que Avalon fosse real. Que em momentos atribulados, eu pudesse atravessar o lago de separação dos mundos, afastar as brumas que a rodeiam, e simplesmente ficar por lá, contemplando a magia fluindo dos quatro polos, enquanto aspiro o cheiro doce do incenso e das ervas frescas colhidas no herbarium. Ver a dança das nuvens enquanto acompanho o entardecer, ansioso para que a grande lua ilumine e toque com apenas um feixe a minha testa me dando a benção sagrada. Este mundo talvez não exista em sua forma física, mas sei que em em meu coração ele existe. E é pra lá que eu vou!



Verdade?!


O que é a verdade?
Ainda existe?
Creio eu, que ela vive escondida por entre os cantos e os encantos.
Nutre-se das melosas palavras, as vezes até sinceras,porém, com duplicidade de sujeito.
A verdade meia dita,ou seria mal(dita).
Intencionada e aflorada.
Sentidos desfigurados.
Verdadeiro é o lobo,
que se exibe  na maciez e inocência da pele de um cordeiro.





Casinha de Pico.


 Tudo o que eu queria agora, era você, casinha de pico, onde ninguém pudesse roubar da minha boca as minhas canções, as minhas palavras, me roubar de mim, da minha sensatez! 
 Queria o silêncio, gritando mansinho e fazendo brotar de dentro de mim a paz, e a magia do sagrado. 
 Assim como os brotos da caixeta, que crescem mesmo depois de dilacerarem seu viçoso corpo, provando de que tudo é possível, mesmo depois de profundos cortes, a vida sempre continua.






O Bote

É hora!
É chegado o tempo, o minuto, o segundo. 
É bem vindo o bote que me leva a desbravar o mundo.
Mundo que não é meu e nem seu, é de todos, é da mãe.
É do verde, do amarelo, do cheiro e da diversidade.
Quero o verde e o amarelo, quero o cheiro, mas não o da cidade.
O cheiro da relva, do carvalho, do pinheiro e da lavanda.
Cheiro sem voz, mas que fala tudo!
Cheiro que encanta.




A Pérola






 Certa vez me perguntaram o que eu faria em situações de desgosto, insensatez, inconvenientes, enfim, situações desgastantes que infelizmente (ou felizmente) acabamos nos sujeitando ou sendo sujeitados, nesta nossa vida de amores e desamores. Minha resposta então, veio carregada com uma antiga história que minha avó em sua sabedoria me contou.
 A história da formação da pérola. 
 Ela dizia que a ostra por ser pequena e achatada, acabou se alojando onde os outros seres marítimos achavam ser desinteressante ou a pior das moradias; o solo, a areia. Então, querendo provar para os outros seres de que ela estaria no mais valioso dos terrenos, começou por acaso a literalmente degustar dos pequenos grãos de areia. Tudo o que ia ficando no interior de suas largas e sensíveis aberturas, aos poucos ia se formando, se agrupando, recebendo forma e brilho, até que um dia do seu interior, se conseguiu expelir uma das mais valiosas preciosidades do mar. A pérola. Com base nisso, pensei, o que poderia fazer com toda a sujeira que diariamente ingerimos, e cheguei a conclusão de que podemos transformá-las em pérolas, sendo estas a construção do nosso próprio {eu}, da nossa identidade, e por fim do nosso caráter.