sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Olhares

Meus olhos não somente veem, eles falam, sentem, posso dizer que quase possuem vida própria  
Meus olhos não mentem, até tentam mas não conseguem.
Meus olhos lacrimejam quando estou triste, mas também quando me sinto feliz.
Acompanha meus lábios nos sorrisos.
Olhares contam mais do que palavras, a intensidade que se encontra por trás da irrigada iris, as cores, as formas, tudo comunica a expressão da pureza e da essência da alma. São portais para o nosso intimo, âmago do ser. Refletem a magia ou a maldição de toda uma vida. 
Olhares me encantam, me fascinam, funcionam como lenha, para alimentar o ardente fogo dos sentimentos.


segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Desinflamado de amor

Desinflama-me o coração, cansei das dores e das feridas maltratadas a cada vez que ouço suas palavras, seus soluços, seus versos vazios e as lágrimas forçadas. Desencana, me desengane, não minta e não finja os sentimentos que por mim nunca vão vingar. Me deixe andar sozinho pela cidade escura, vagando e pedindo ajuda nas encruzilhadas, vai que o santo me ouve! Prefiro os passos lentos e solitários que os largos que você me oferece. Não se preocupe meu amor, o silêncio me trará também as respostas. O único barulho que quero ouvir é o barulho das ondas batendo nos corais á beira mar e com este barulho, que para mim soa como melodia, farei minha oração a mãe das águas. Pelo menos a salgada água do mar se confundirá com minhas lágrimas que escorrem pelo canto dos olhos e talvez ao raiar do dia eu já me sinta bem, pronto para devolver ao mundo o coração lavado na salmoura, doente, mas já desinflamado de amor.





sábado, 24 de novembro de 2012

Linhas Tortas



Existem teorias que defendem a ideia de que nós seres humanos somos como uma folha de papel, nascemos branquinhos e sem pautas. Nossas experiências, a cultura e um variado leque de coisas é que vão determinando, construindo e formando o nosso caráter, personalidade e conduta. 

Pensando nestas teorias algo curioso me veio a mente: bom,hoje tenho 22 anos, quase 23, muitos rabiscos já tiraram a palidez das páginas da minha vida, tantas são as palavras que brincaram e que ainda brincam de pula-pula no meu coração, muitas perderam o significado, outras porém ganharam significados e traduções diversas. Até aí tudo bem, concordo em parte de que nascemos ''limpinhos e branquinhos'' feito folha de papel e que hoje me encontro perdido no imenso labirinto de rabiscos. 

Mas e a borracha? Esqueceram dela... seria um erro? Não duvido que alguns defendam a sua existência, afinal seria tudo mais fácil e bonito. A vida deixaria de ter espinhos para ser o tão sonhado mar de rosas. Um simples deslise, e pronto, a borracha entraria em ação, apagando as linhas tortas e dando a oportunidade de reescrever o conto de João e Maria sem a bruxa malvada querendo-os devorar, seria somente ele, ela e a grande casa doce e agradável. Porém, tanta doçura uma hora acaba enjoando, não é verdade? 

De que valeria a vida sem os erros, sem rabiscos, sem recomeços. As palavras esperança  perseverança  conquista, vitória, todas elas perderiam o sentido e seriam com certeza banidas do nosso dicionário. Foi daí que parei de desejar tanto uma borracha para apagar minhas linhas tortas, e comecei a escrever novamente a minha história, considerando alegremente todos os meus rascunhos, me permitindo errar, colocando pedra sobre pedra até que seja erguido com majestade o meu castelo,  e o meu coração se encha de júbilo por ter conseguido entender a mágica da vida. 

Prece da alma.


sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Otimismo

Misturando meus pensamentos nas poucas horas vagas de trabalho, deparei-me como de costume palavreando-os. Me vi mais uma vez no meu esconderijo, lugar preferido, o mais intimo e místico: dentro de mim.  O que para tantos parece ser coisa leviana estes momentos, ao meu ver é o tesouro mais rico e raro de todos os outros. A menor pretensão de acreditar que as coisas podem num passe de mágica se transformar no mais puro e reluzente ouro sem ao menos precisar da cobiçada pedra filosofal; de acreditar que as situações mais complicadas e controversas magicamente se tornam amenas e pacificas. Tudo exala o doce perfume da esperança, o que me me faz acreditar, mover e provar o gosto de dias melhores que ainda não chegaram mais que ainda estão por vir, e dentro de mim espero ansiosamente por estes dias. Olhar para trás é necessário as vezes, para que consigamos perceber o tamanho e a profundidade do nosso progresso, afinal é sempre de um passado que se constrói um futuro.


quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Roda Gigante

A roda não para,gira, gira e gira sem parar. 
Uma roda gigante humana, onde os cadeirantes são os próprios corações. 
Oscilando entre altos e baixos, uma alternação quase que costumeira.
Uma questão de sobrevivência para muitos, pois é sempre mais fácil se alimentar da carência alheia do que sofrer por ela. Deixar correr frouxa a corda do destino, até que de tão distante se torne um fino fio, uma pequena liga, ameaçando romper-se a qualquer momento. E quando rompe, tudo vira confete, uma explosão de cores e sentimentos tão vazios quanto a alma de quem achou ter segurado a corda por tempo bastante. E quando seria o bastante? Como saber se foi o bastante?
Respostas nem um pouco difíceis de serem dadas, mas que ficam perdidas em suas complexidades. 
Na verdade o bastante nunca é o bastante, ou melhor, nunca foi. 



domingo, 18 de novembro de 2012

Solitudo


Paro, penso, logo insisto!
A fina linha: o destino.
Talvez, meu desafio, a minha missão nesta terra de homens é solitária. Somente eu e a estrela vespertina, a lua cheia de prata como guia, a relva crescente e as gotas frescas do orvalho como companhia fiel nas horas de sede. Somente eu e minhas plantas, meus livros, minhas magias e meus segredos. Já senti medo desta solidão, mas hoje ela é minha amiga mais fiel. Com ela eu vou seguindo meu caminho, até que ao útero da grande mãe eu volte para descansar no amor, e entender o que é o amor. Já senti medo de ficar sozinho, de falta de carinho, mas na imensidão antes despercebida pela cegueira causada pelo sentimento deturpado, encontrei as mais lindas canções de amor, como o canto dos pássaros. O vento, meu aliado, nunca me deixa só, respira comigo, me traz fôlego e refresca-me a alma. As flores entram na minha dança celebrando a dádiva da vida, exalam teu doce perfume, me inspiram e me alegram. 
E eu pensei que estava só! 
Bobeira a minha não é verdade? 
(risos)

 Agradeço-te mãe por cuidar de mim, e por guardar-me em teu seio. Por abrir meus caminhos, e ver a solidão como uma amiga, como uma de suas faces mais ricas e sábias.

terça-feira, 13 de novembro de 2012

Áspero como suas palavras.

A vida é mesmo muito engraçada, a forma como as coisas vão se encaixando, tomando direção, brilhando ou ofuscando, tudo parece girar em torno da gente. Palavras, que para mim são tão poderosas e significantes quanto os tais ''atos'', se limitam em escorrer pelo ralo das promessas não ou mal cumpridas. Sinceramente, toda minha doçura azeda ao sentir o odor do enxofre antes confundido com o mais sublime perfume. Perfume que eu gostava, que me inundava e nunca era o bastante! Ah, e o sorriso exposto ao dizer bobeiras, ao ficar calado, os olhares tão fitantes, coisas tão simples mas que surtiam efeitos enormes dentro de mim. Bobeiras que não eram dos outros, eram minhas, eram nossas. Sorrisos que não eram para os outros, eram para mim, eram por mim e eram por nós. Hoje, minhas palavras encarnam a vossa dureza cultivada, e as minhas tão doces, se tornam ásperas como as suas.


quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Saudade

As vezes tenho umas saudades intraduzíveis, complicado definir de quê/quem. Não sei se foi a música que coloquei para tocar enquanto eu tomava um chá de camomila, ou até mesmo do chá. Se foi aquelas palavras que eu criei em imaginação, querendo ouvir de você. Sei que algo misteriosamente me fez acessar uma pequena parte das minhas memórias perdidas e empoeiradas pelo tempo. Acho que com tanto pó acumulado eu não consiga materializar o sujeito, o evento o ocorrido.De alguma forma todo sentimento anestesiado começou a doer de novo no peito e consumir devagarinho meu coração. Pouco a pouco, ia me entregando a este sentimento, uma mistura de sensações estranhas mas que me faziam tão bem. Angustiado talvez, mas bem. Saudade não se traduz, se lembra, revive. É como aquela ferida que criou casca mas quando cutuca, fere novamente e começa a sangrar. Acho que toda essa saudade era da própria saudade, da saudade de me sentir assim, vulnerável, sentimental, sensitivo. A saudade simplesmente de ser ''Eu''.


Passarinho

Como poderei eu me prender em uma gaiola, sendo eu um pássaro.
Tenho asas, preciso esticá-las, sentir a brisa e até mesmo os fortes ventos me atiçando as penas
Preciso levar aos oprimidos o meu canto, talvez eu consiga arrancar deles um sorriso.
Sei que sou pequeno, mas isso não me impede de viver intensamente minha missão.
Preciso voar, sentir o orvalho da manhã.
E que os primeiros raios de sol, os mais suaves me toquem.
Eles me despertam, me inspiram. 

Me sinto mais forte!
Vibrante,
Me sinto Eu, ser autêntico.
Dizem que os pássaros não pensam, que não são dotados da tal razão.
Mas sou seguro de que sou Livre.
E sou livre!
Liberdade preciosa, que muitos almejam mas não tem.
Joia rara, não se compra, se conquista.
Dádiva, divina? talvez
Mas é minha, é sua e pode ser nossa.
Se assuma, seja livre!
Voe comigo.






Ceifa

Ouvi palavras que há muito tempo não ouvia. Engraçado como alguns traduzem com as suas próprias, as divinas escrituras. ''Os que semeiam entre lágrimas, ceifarão com alegria, virá carregando em meio a sorrisos os feixes de seu plantio.'' Confirmando a autenticidade das palavras, porém sem destorcê-las, minha linda senhora Cora Coralina vem dizer:''O que vale na vida não é o ponto de partida e sim a caminhada. Caminhando e semeando, no fim terás o que colher.'' Com estas palavras, belezas tão antigas mas tão novas, que inicio minha semana, certo de que as lágrimas nem sempre são sinônimos de tristeza ou luto, mas também a esperança de um novo dia, cheio de surpresas que a vida por si própria nos reserva e que está logo ali a nossa frente.


Simples Magia

As pessoas camuflam a sua ideia sobre magia, caindo nos abismos do sobrenatural, do complexo, das palavras elaboradas e seus rituais secretos. Enquanto alguns pensam assim, eu pratico a magia do cotidiano, aquela onde meus mestres eu não vejo, mas sinto no vento, no orvalho da manhã, no cheiro das estações e até no canto dos pássaros. A magia que minha mãe faz todas manhãs, ao passar um café com um pão de queijo quentinho, com uma pitadinha de afeto, carinho, amor, delicadeza e sabedoria, as vezes ela nem saiba a influência do poder que ela exerce sobre minha vida com teus atos tão simples, cotidianos, mas humildes e sinceros, eficazes e poderosos.


domingo, 4 de novembro de 2012

Persuadere

Persuadere - do latim, que quer dizer inalar. Palavra que se encaixa perfeitamente á minha vontade. Estou com vontade do cheiro, de inalar, de sentir o doce e quente aroma do benjoim queimando e liberando teu perfume envolvente e quase sexual. De dançar com a fumaça que sobe do braseiro. Tenho afinidade com este cheiro, que me traz lembranças tão profundas, de um tempo em que o irreal era o meu real e o real era o meu irreal. Dois mundos que se abriam por entre a leve e branca fumaça do incenso, e eu nem me preocupava em diferenciá-los, gostava disso. Dizem, que o cheiro possui o poder de transportar-nos entre os desejos, os nossos mundos, as nossas paixões. Por entre as narinas ele passeia, chega ao céu da boca, vira gosto, penetra os poros e literalmente nos batiza no mistério da sua fragrância. Fumaça que comunica, que liga e desliga. Se é magia ou não, nem me importo. Prefiro as vezes desconhecer que conhecer, a não ser que o conhecimento venha desprovido da razão, das interrogações e das justificativas. Mas vale para mim, um mistério não desvendado e cheiro de aventuras, do que um mistério desvendado e pouco aproveitado.


sexta-feira, 2 de novembro de 2012

Em frente!


É preciso sempre ir, sempre seguir
Ir, sobretudo, em frente.
Frente, em frente e de frente.
É preciso não desistir, mas prosseguir.
Prosseguir, 
seguir, 
sorrir, 
agir, 
ir.
Sempre ir!


Resposta da Mãe

Não sei se já conseguiu perceber, mas dia de finados sempre vem acompanhado com aquela garoinha ao entardecer, o dia fica meio pesado, até que todo este peso se desmancha, caindo em forma de chuva.
Não existe uma explicação racional, mas na grande maioria das ocasiões o fato é que chove no Dia de Finados!
Diz a lenda que... "chove nesse dia porque toda a tristeza das pessoas que perderam um ente querido sobe ao céu e desce em forma de chuva para lavar toda a mágoa de quem ficou”. 
Interessante como a natureza, responde as nossas vibrações e devolve as lágrimas que caem em terra, ou sobre os portais das almas, chorando conosco, e nos trazendo o frescor para que continuemos a viver nosso ciclo em paz, e com esperança.