sábado, 27 de outubro de 2012

Sereia


Escuto o som, som de uma voz deslumbrante, que fascina, que apaixona. Me faz estremecer o coração, sinto calafrios, mas não são de medo, é quase uma mistura de emoção com intrepidez. Me embriaga, me cambaleia. Que voz é essa? Voz de sereia! Pensei, senti, tremi. Corri contra o vento, meu veleiro balançava e ameaçava me jogar aos braços da voz cantante. Tudo parecia estar a favor dessa minha insanidade, o vento, o veleiro, as ondas e a voz. Algo me dizia que seria meu fim, ou talvez, meu começo. O começo de uma vida desvivida. A voz incansável, se limitava a repetir o refrão de uma música que eu sabia já ter escutado em algum momento de minha vida: ''Eu não sabia buscar, foi quando apareceu o que eu quis inventar, para preencher o meu mundo particular no peito que era seu, no seu mundo não há mais nada que não eu já sei dizer que o amor pode acordar.'' E com esta melodia, com letra que já conhecia, fui cedendo aos encantos da voz que dizia, ou melhor, que cantava. O vento agitava as ondas, e rasgava as finas velas do velho veleiro.O veleiro já não suportava as imensas e vorazes ondas, e também já não precisava suportar. As ondas o engoliram facilmente, como se fosse a mais saborosa refeição. E eu? Hah, eu me encontrei na voz e com a voz. E o cantar incansável se tornou cansado, eu também. E como todo som, toda voz e toda música, uma hora para de tocar, assim parou meu coração. Então dormi,quando acordei percebi que o amor é uma vida, e que agora eu desvivia. 






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