segunda-feira, 29 de junho de 2015

Prazer, me chamo conto de fadas.

 Acordei de madrugada, transpirando pensamentos. Um nó na garganta apertava sem dó, me fazendo recuar com o travesseiro até me sentir de certa forma protegido de mim mesmo. Meus pensamentos me assombravam a noite e atrasavam o sono, que de nada podia fazer para amenizar a agonia que sentia em meu peito. Nada mais doído que a dor do coração, dos sentimentos, das palavras mais ou menos, das incertezas e do talvez.
 Gostam da minha barba macia, do meu cheiro e das palavras, do estilo largado e do cabelo bagunçado. Pouco criticam até conseguir arrancar de mim o resto que ainda insiste em acreditar numa história de amor. Me sugam toda energia, até a última gota, minha pureza e prontidão.
 "- Prazer, me chamam de conto de fadas, e você quem é?"
Muitos se calam por não saber ou ao menos querer tentar arriscar a chance de se entregar. Tá aí a bomba de Hiroshima, basta chegar com o novo que a pessoa fica pronta a explodir toda uma carga verbal em cima de você, te dando "N´s'' motivos para justificar seu atual retrocesso. Chegam de mansinho com tanta ternura e até mencionam estar decidindo egocentricamente um futuro que não passa de um vazio presente. Sabe de uma coisa, cansei de ser conto de fadas, acho que preciso virar pesadelo. De chapeuzinho vermelho a lobo mau.

Ruan Sena
Lua crescente - Véspera de Esbath


Nenhum comentário:

Postar um comentário