sábado, 26 de janeiro de 2013

Despe-te

Despe-te de tuas vestes.
Disponha-se a se cobrir de céu.
A comunicar a transparência, ser limpa, sem mácula.

Despe-te de ti mesmo.
Rasgue suas façanhas, borre seu batom.
Se olhe no espelho, se veja do outro lado.

Encara-te a ti mesmo.
Seja infiel com a verdade.
Ao menos se confronte.

Despe-te das máscaras que te ocultam.
Encara-te a ti mesmo.
Seja límpido como o riacho que corta a floresta.

Despe-te da normalidade.
Seja insana, enxergue a loucura por entre os lábios.
Professe uma fé contraria.

Ao menos despido de ti, estarei despido de mim.
E poderei renascer por entre a fuligem do velho pássaro.

Despido, sem mácula, sem máscaras e claro como o riacho.


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